Leonardo Siqueira Araújo
Psicanalista, Membro Associado da SPRJ. Membro da Trieb Mineira.
Escuto muitas pessoas dizerem algo em torno de “fulano fez isso, que absurdo, é psicólogo!” Isso traz a ideia de que uma pessoa que fez uma determinada formação (psicólogo, médico e também psicanalista) teria, por meio de seu estudo, uma espécie de mais estabilidade, bússola moral, maturidade emocional, etc.
O que verificamos, naturalmente, não é isso. Assim como um filósofo estudante de ética não é necessariamente uma pessoa mais ética, um profissional formado em psicologia não é necessariamente uma “pessoa melhor” (ou mais bacana, gente boa enfim). Isso se dá por vários motivos.
O primeiro é que, do ponto de vista dos profissionais de saúde mental, o que será mais determinante para a saúde psíquica de uma pessoa é o cuidado que será dispensado a ela pelo profissional, ou seja, a análise à qual aquela pessoa também irá se submeter. Um curso teórico nada mais é do que isso – um curso teórico. Uma preparação de estudo intelectual e não de trabalho interno de alguém sobre suas questões. O que, inclusive, em se tratando de psicanálise, não é possível ser realizado em si mesmo – é necessário ser analisado por outro profissional. Na formação psicanalítica ligada à IPA (International Psychoanalytical Association, nossa Organização-mãe), a Análise Pessoal é parte obrigatória do processo.
O segundo é que, no final das contas, o profissional de saúde é uma pessoa como as outras. Espera-se dele o cumprimento de critérios éticos sobre o exercício da sua profissão (neutralidade, sigilo das informações do paciente, dentre outros). Mas em sua vida pessoal, como todos, ele é sujeito a todo tipo de emoções, excitações, angústias e assim por diante.
O que não deixa de ser só um alerta sobre a necessidade de todos para cuidar da própria saúde, tanto física quanto psíquica!